Inserção de Deficientes ainda é tímida

01/09/2010

O número de pessoas com deficiência inseridos no mercado de trabalho em Ribeirão Preto (SP) seguiu a média nacional e cresceu 30% em relação ao ano passado, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo o Conselho Municipal de Promoção e Integração da Pessoa com Deficiência (Comppid), em março — época de maior contratação, segundo o Comppid — foram encaminhados 70, de uma lista de 242 pessoas com deficiência inscritas no conselho em busca de uma vaga de trabalho.
 
No mesmo período do ano passado, 30 pessoas foram solicitadas por empresas. Para a presidente do Comppid, Sheila Simões, o aumento é significativo, mas a procura por trabalhadores com alguma deficiência física ainda é tímida. “Essa relação poderia ser maior, mas ainda existe muita resistência por parte dos empresários”, disse. Para a psicóloga especialista em deficiência visual e psicopedagogia Marlene Taveira Cintra, 52 anos, muitas empresas não cumprem com a lei que prevê a destinação de vagas de trabalho a pessoas com deficiência. “Quando cumprem a lei, colocam a pessoa para realizar atividades que não condizem com a formação dela.”
 
A Lei Federal que trata da inclusão do deficiente no mercado de trabalho determina que empresas com cem ou mais empregados preencham de 2% a 5% dos seus postos de trabalho entre pessoas com deficiência e/ou reabilitados pela Previdência Social. Marlene Cintra, que tem deficiência visual desde que nasceu, afirmou que chegou a exercer outras funções antes de trabalhar como psicóloga. “As pessoas acham que por ter uma deficiência, você está limitada a trabalhar apenas em determinadas áreas e não valorizam sua formação.”
 
O empresário do ramo alimentício Geraldo Garcia, empregador de duas pessoas com deficiência física, explicou que encontrou dificuldades em encontrar pessoas qualificadas para exercer o trabalho de telemarketing. “Muitos que entrevistei não sabem usar computador e uma minoria não aceitam o trabalho por ter formação acadêmica”, disse. O Ministério do Trabalho e Emprego informou que fiscaliza as empresas por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).
 
Salários ainda são baixos
 
Além da dificuldade em encontrar uma vaga, as pessoas com deficiência encontram um outro obstáculo no mercado de trabalho: os baixos salários. De acordo com o Emprega São Paulo, programa de acesso ao mercado de trabalho, o salário das 38 pessoas com deficiência empregadas na cidade, via o Emprega SP, não alcança R$ 700. Os cargos que mais contratam — auxiliar de escritório, operador de caixa e vendedor varejista — pagam em média R$ 661, R$ 692 e R$ 623 respectivamente.
 
A pessoa com deficiência física e vice-presidente da União de Pessoas com Deficiência de Ribeirão Preto (Uniped-RP), Eduardo Martins de Souza, vende balas no cruzamento da Nove de Julho com a Barão do Amazonas há quatro anos. “Já trabalhei em empresas, mas chega uma hora que te colocam em cargos que a sua deficiência não permite fazer um serviço bem feito. E aí você passa por muito constrangimento”, disse.  
TAGS:
Noticias, inclusão, mercado de trabalho para deficientes, inclusão de pessoas com deficiência, reabilitação

Entre em contato conosco

São Paulo

(11) 3042-8535

Rio de Janeiro

(21) 4042-8095

Paraná

(41) 3014-0632